"Vem, Noite antiqüíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite

Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito. (...) "
[Álvaro de Campos (F. Pessoa), Fragmento de Ode I, in: "Fernando Pessoa: poesia", por Adolfo Casais Monteiro, 10ª ed., Rio de Janeiro, Agir, 1989, p. 76 (col. Nossos Clássicos)]

"(...) noites como esta, em que já não me será dado viver."
[Jostein Gaarder, "A garota das laranjas", Trad. Luiz Antônio de Araújo, São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 127 (citação possivelmente de outrem, constante também em alguma página anterior, provavelmente)]
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terça-feira, 6 de julho de 2010

Esse punhado de ossos (Ivan Junqueira)

Esse punhado de ossos

a Moacyr Felix

Esse punhado de ossos que, na areia
Alveja e estala à luz do sol a pino
Moveu-se outrora, esguio e bailarino,
Como se move o sangue numa veia.
Moveu-se em vão, talvez, porque o destino
Lhe foi hostil e, astuto, em sua teia
Bebeu-lhe o vinho e devorou-lhe à ceia
O que havia de raro e de mais fino.
Foram damas tais ossos, foram reis,
E príncipes e bispos e donzelas,
Mas de todos a morte apenas fez
A tábua rasa do asco e das mazelas.
E ali, na areia anônima, eles moram.
Ninguém os escuta. Os ossos não choram.

[Ivan Junqueira. Coletado do livro "Os cem melhores poemas brasileiros do século" ou algo equivalente. A pontuação e as maiúsculas no início de cada estrofe pode não corresponder ao que foi publicado, pois esse poema foi transcrito várias vezes em diversos suportes antes de vir parar aqui]

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