
“Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governaram a minha vida: o desejo de amar, a busca do conhecimento e uma compaixão insuportável pelo sofrimento da humanidade. Essas paixões, como grandes ventanias, me levaram para cá e para lá, num curso obstinado, sobre um profundo oceano de angústia que chegava às raias do desespero.
Eu busquei o amor, primeiro, porque ele produz o êxtase - êxtase tão grande, que muitas vezes eu sacrificava tudo o mais na vida por umas poucas horas dessa alegria. Eu o busquei, também, porque ele aliviava a solidão - essa terrível solidão de uma consciência despedaçada que olha por sobre a borda do mundo e vê um abismo sem vida, frio e insondável. Eu o busquei, finalmente, porque, na união amorosa, eu vi, numa miniatura mística, a imagem dos céus que santos e poetas imaginaram. Foi o que busquei e, embora possa parecer bom demais para a vida humana, foi o que - finalmente - eu encontrei.”
[Bertrand Russell, O melhor de Bertrand Russell: silhuetas satíricas, Robert E. Egner (selec.), Pedro Jorgensen Jr. (trad.), Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2000, p. 164]
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