O amor (ou coisa equivalente) antes
(...) a desusada ternura de seus olhos o enchia de alegria.
Ele sabia por instinto que era loucura entregar-se-lhe nas mãos; sua única
esperança estava em tratá-la com desapego e nunca permitir que Mildred visse a
paixão indomável que lhe fervia no peito. Ela não faria senão aproveitar-se de
sua fraqueza; mas nesse momento não podia conduzir-se com prudência: disse-lhe
toda a agonia que suportava durante a separação; contou-lhe de suas lutas íntimas,
de como tentara dominar aquela paixão, e de como, pensando havê-lo conseguido,
descobrira no fim que ela estava mais forte do que nunca. Sabia que jamais
quisera realmente livrar-se dela. Amava Mildred de tal maneira que não lhe
importava o sofrer. Pôs o coração a nu diante dela. Mostrou-lhe, com orgulho,
toda a sua fraqueza.
(pp. 328-9)
O amor (ou algo que o valha) depois
[W. Somerset Maugham, Servidão
humana, trad. Antônio Barata, prefácio Carlos Vogt, 10ª ed. rev., Ed.
Globo, São Paulo, 2005 (2ª reimpr. 2009)]
Nenhum comentário:
Postar um comentário