"Vem, Noite antiqüíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite

Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito. (...) "
[Álvaro de Campos (F. Pessoa), Fragmento de Ode I, in: "Fernando Pessoa: poesia", por Adolfo Casais Monteiro, 10ª ed., Rio de Janeiro, Agir, 1989, p. 76 (col. Nossos Clássicos)]

"(...) noites como esta, em que já não me será dado viver."
[Jostein Gaarder, "A garota das laranjas", Trad. Luiz Antônio de Araújo, São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 127 (citação possivelmente de outrem, constante também em alguma página anterior, provavelmente)]
_____________________________________________________________________________________________________

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O amor, antes e depois - Mildred e Philip (Somerset Maugham)


O amor (ou coisa equivalente) antes

(...) a desusada ternura de seus olhos o enchia de alegria. Ele sabia por instinto que era loucura entregar-se-lhe nas mãos; sua única esperança estava em tratá-la com desapego e nunca permitir que Mildred visse a paixão indomável que lhe fervia no peito. Ela não faria senão aproveitar-se de sua fraqueza; mas nesse momento não podia conduzir-se com prudência: disse-lhe toda a agonia que suportava durante a separação; contou-lhe de suas lutas íntimas, de como tentara dominar aquela paixão, e de como, pensando havê-lo conseguido, descobrira no fim que ela estava mais forte do que nunca. Sabia que jamais quisera realmente livrar-se dela. Amava Mildred de tal maneira que não lhe importava o sofrer. Pôs o coração a nu diante dela. Mostrou-lhe, com orgulho, toda a sua fraqueza.
(pp. 328-9)

 
O amor (ou algo que o valha) depois

 - Não me queira mal. A gente não pode evitar essas coisas. Lembro-me de que lhe achava malvada e cruel porque fazia isto, isso e mais aquilo. Mas era grande tolice minha. Você não me amava e era absurdo acusar você por isso. Pensei que podia fazer com que me amasse, mas vejo agora que tal coisa era impossível. Não sei o que é que faz os outros amarem a gente, mas seja o que for, é a única coisa que importa, e quando ela não existe, não podemos criá-la com bondade, generosidade ou coisa que o valha.
(p. 537)

[W. Somerset Maugham, Servidão humana, trad. Antônio Barata, prefácio Carlos Vogt, 10ª ed. rev., Ed. Globo, São Paulo, 2005 (2ª reimpr. 2009)]

Nenhum comentário:

Postar um comentário