"Vem, Noite antiqüíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite

Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito. (...) "
[Álvaro de Campos (F. Pessoa), Fragmento de Ode I, in: "Fernando Pessoa: poesia", por Adolfo Casais Monteiro, 10ª ed., Rio de Janeiro, Agir, 1989, p. 76 (col. Nossos Clássicos)]

"(...) noites como esta, em que já não me será dado viver."
[Jostein Gaarder, "A garota das laranjas", Trad. Luiz Antônio de Araújo, São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 127 (citação possivelmente de outrem, constante também em alguma página anterior, provavelmente)]
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terça-feira, 4 de setembro de 2012

A diaba e sua filha (Marie Ndiaye)

A diaba e sua filha (Marie Ndiaye), Cosacnaify

A atmosfera noturna dá à história da autora franco-senegalesa Marie NDiaye, vencedora do Goncourt de 2009, um caráter sombrio e misterioso. O sincretismo de NDiaye ecoa em seu texto, mescla de metáforas dos contos de fada tradicionais e de elementos da literatura antilhana. No livro, uma diaba sai todas as noites da floresta à procura de sua filha que desapareceu misteriosamente, junto com a casa onde moravam. Foi quando a diaba percebeu também que seus delicados pés haviam se transformado em cascos de cabra – deformidade que causa repulsa nas pessoas. A ambiguidade da personagem – alegoria da noite –, de face graciosa, olhos doces, mas com cascos no lugar dos pés, suscita no leitor alguma hesitação e muitos questionamentos. Um livro enigmático que nos convida a refletir sobre como o afeto é capaz de humanizar até a aparentemente mais aterrorizante criatura e sobre a importância de se respeitar as diferenças, visíveis e invisíveis.

“NDiaye escreve sobre os nossos medos e o modo como eles são colectivamente construídos. Escreve sobre a necessidade de classificarmos os outros e os arrumarmos em bons e maus, em anjos e monstros.” Mia Couto

http://editora.cosacnaify.com.br/ObraSinopse/11527/A-diaba-e-sua-filha.aspx

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