(Marcão em foto de 2010)
Homenagem a Marco Antonio Salles (Agente de Biblioteca e Arquivo)
[Richard Dawkins, "Deus, um delírio", trad. Fernanda Ravagnani, São Paulo, Cia das Letras, 2006, p. ?]
Homenagem a Marco Antonio Salles (Agente de Biblioteca e Arquivo)
Ele não dizia nossos nomes, tratava-nos geralmente por “companheiros”. Nós o chamávamos de “Marcão”.
Colega bom de conversa e de papo nas reuniões e formações da Seção e de prato feito (vulgo PF) no restaurante “O Alquimista”. Costumávamos ir juntos eu, o Marcão e os agentes Roberto, Marcelo e Júlio.
Amigo dos livros. Numa ocasião posicionou-se contra o(a) descarte/substituição de dicionários antigos. Segundo o que segue, sua biblioteca pessoal era extensa.
Marco Antonio Salles Diz: 17/12/2010 at 7:39 Amigos, Alguém poderia me infomar quantos livros cabem no MiniBiblio? Tenho em casa cerca de 2.000 livros; será que dá para cadastrar todos? Agradeço a resposta.
No link ele também se declara “leitor compulsivo”.
Gostava de fazer referências literário-filosóficas. Seu convite para o cafezinho era: "e aí companheiro, vamos tomar uma modernidade líquida?". O último café da reunião era a “saideira”.
Tinha entre 55 e 60 anos. Branco, mais ou menos 1,75m, magro, meio calvo e com o que restou de cabelo já em “cãs”. Andava com uma pasta tipo “malote de documentos” (com livros dentro, logicamente). Quando em pé nas reuniões mantinha as mãos nos bolsos e sentado, os braços cruzados. Estava sempre com blusa.
Formado em Sociologia, era também amigo e defensor da Língua Portuguesa, abominava “estrangeirismos”. Há referência de que tenha dado aula de português. Um dos seus comentários prediletos a respeito de fatos desagradáveis da vida e do mundo era: "é lamentável".
É lamentável o que ocorre no Brasil (meu país): a incorporação de termos estrangeiros à língua sem necessidade, pois há correlatos em nossa rica língua portuguesa. Isso reflete a falta de leitura e de cultura. Já o disse nosso escritor Nelson Rodrigues: o brasileiro tem complexo de vira-lata. Ou seja, para nós tudo que é estrangeiro é melhor. Até o idioma! Pessoas que nunca leram um livro se dão ares de falantes de inglês. Repito: é lamentável.
Marco Antonio Salles Novembro 19th, 2010
Marco Antonio Salles diz: 4 de dezembro de 2010 às 13:03 Como ciclista e professor de português, estou duplamente interessado neste fórum. Surpreendo-me com o alto nível e o linguajar perfeito dos comentários anteriores (com excessão de uma participante). É gratificante saber que as pessoas estão dando valor ao ato de ler e à língua portuguesa. Também fico feliz ao notar que finalmente estão identificando a TV como fonte de \"emburrecimento\" da população. É um fato comprovado, destarte, que a proliferação de modismos e estrangeirismos desnecessários empobrecem nosso idioma. Parabéns e continuem a valorizar a leitura.
Avesso a algumas tecnologias, não tinha celular, por exemplo. E não gostava de televisão (como vista acima).
Meio cético também (estava lendo R.Dawkins). Não escondia sua posição “ateísta”.
Concordo com o leitor Alan Pires Ferreira ("Painel do Leitor", 11/4) em suas considerações sobre artigo de Marcelo Gleiser ("Contra as formas de dogmatismo", Ciência, 10/4). Mas não diria que ele é "fundamentalista bíblico". A julgar pelas suas últimas colunas, no entanto, Gleiser está a um passo da conversão religiosa. É lamentável que um cientista equipare misticismo com ciência. Tudo indica que, em seus próximos textos, o iminente ex-agnóstico passará a afirmar a existência de Deus. MARCO ANTONIO SALLES (Mauá, SP)
Educação religiosa -``Indignado, leio a reportagem `Igreja pode ir à Justiça para que Estado ensine religião'. É um absurdo! Depositar o lixo religioso nas mentes de crianças, nas escolas, é um crime. Afinal, a quem interessa a manutenção de um ensino calçado em mitos e dogmas estúpidos? Combaterei essa pretensão criminosa que quer impingir aos nossos filhos mentiras e deuses inexistentes. Caso essa imbecilidade seja aprovada, proibirei meus filhos de irem à escola. Eu próprio, como sociólogo pós-graduado, proporcionarei a eles o ensino básico até que as trevas medievais desapareçam da escola pública." Marco Antonio Salles (Mauá, SP)
Assim, agindo, é claro que estava exposto à opinião contrária:
``Superindignado, leio a carta do sr. Marco Antonio Salles no `Painel do Leitor' do dia 29/8. Não discuto o mérito da questão, mas a sua linguagem me faz duvidar da sua pós-graduação em sociologia. Será que foi por alguma faculdade de fim-de-semana de Caporanga? Um sociólogo que se preze no mínimo respeita as pessoas e suas crenças, mesmo que não concorde com elas." Francisco Nunes (São Paulo, SP)
"Sou católico apostólico romano, longe da perfeição, é claro, porém me considero praticante. Também não sou favorável à implantação do ensino religioso nas escolas públicas, por duvidar da eficácia, dinâmica e didática dos métodos e mestres em tais aulas, porém deve-se lembrar ao sr. Marco Antonio Salles que sua manifestação nesta coluna em 29/8 é, no mínimo, desrespeitosa para com a fé de muitos e deixa transparecer certo desconhecimento nas áreas de antropologia cultural e do homem. Há de se destacar ainda que, hoje, a não observância dos por ele chamados 'lixo religioso, mitos e dogmas estúpidos', com certeza, vem provocando proliferação da Aids, famílias desagregadas, menores abandonados, criminalidade e violência. Tomara o Deus que eu creio existir _e amá-lo_ o proteja desses males."Amadeu Peloggia Filho (Taubaté, SP)
Ele sabia minha opinião a respeito do “transcendente”, podendo-se considerar à vontade para abordar o assunto comigo. Numa das últimas reuniões em que participou, e da última vez em que nos vimos (não participou das reuniões posteriores - talvez estivesse doente), fui embora de carona com ele até a via Anchieta. Foi nessa ocasião que ele se manifestou bem mais como “agnóstico” que como “ateu”, admitindo a “possibilidade” (não “probabilidade”) da existência do transcendente, discordando, todavia, e totalmente das religiões conhecidas e/ou existentes.
Era típico do Marcão fazer comentários espirituosos ao “ora estabelecido como verdade”, trazendo à baila fatos “escondidos/ocultos”.
José Alencar - Pelo que se lê nos jornais após a morte de José Alencar, são só louvores e elogios ao ex-vice-presidente. Em nosso país, todos os que morrem viram santos. Mas é preciso lembrar: José Alencar recusou-se a reconhecer uma filha e disse que a mãe dela era "prostituta". MARCO ANTONIO SALLES (Mauá, SP)
Foi ele que numa formação classificou uma poesia do Ricardo Azevedo (unanimidade na Literatura Infantil/Infanto-juvenil) como “piegas” e sofreu umas “ovações” negativas como “reprimenda”. (Salvo melhor juízo, o poema a que se referia, lido na reunião, era “Lição de biologia”, conforme consta em “Dezenove poemas desengonçados, 7ª ed., São Paulo, Ática, 2000, p. 25). Tenho para mim que na ocasião ele “jogou” o termo para ver se conhecíamos o verdadeiro significado (ou sentido original), tal qual a palavra “famigerado” que só aparentemente é depreciativa.
Antes de vir para biblioteca escolar trabalhou por um período no Poupatempo (talvez como Oficial Administrativo).
Consta também que tenha trabalhado em banco, o que todavia carece de confirmação.
Marco Antônio Salles | Bancário | Mauá |
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/tb200198b7.htm
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Exercia seu cargo/função na BEI da EMEB Profª Suzete Aparecida de Campos no Riacho Grande. Confidenciou-nos que lá era tratado a pão-de-ló. Tinha, todavia, vontade de trabalhar na Biblioteca Pública (chegou a pedir transferência para a Chefia anterior).
Quando falávamos sobre concurso, dizia que não prestaria mais nenhum, porque lhe faltava pouco tempo para aposentadoria.
Em relação aos assuntos pessoais, não falava quase nada (nem de mulher, filhos ou família). Em tese vivia sozinho. E ao que parece, infelizmente não conheceu o pai.
Nome : marco antonio salles E-mail : msalles35@g.mail Seu site : | Comentário : Gostaria de encontrar parentes de meu pai, Carlos Salles Filho, nascido em São Paulo - SP, a quem nunca vi. |
Nome : marco antonio salles E-mail : msalles35@gmail.com Seu site : | Comentário : retifico meu e-mail: msalles35@gmail.com |
Foi ao encontro do barqueiro na madrugada de domingo para segunda-feira (08-09/jan/2012), velado no Cemitério Vale dos Pinheirais em Mauá/SP.
Que em paz descanse.
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OBS.: Eu e o agente Roberto tentamos ir ao velório/enterro, chegamos à cidade, mas não logramos localizar a Necrópole, o que “é lamentável”. Parece que há dois Pólos Petroquímicos no município e nós fomos em direção ao Pólo de Capuava quando deveríamos ir ao Pólo de Sertãozinho.
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OBS.: Eu e o agente Roberto tentamos ir ao velório/enterro, chegamos à cidade, mas não logramos localizar a Necrópole, o que “é lamentável”. Parece que há dois Pólos Petroquímicos no município e nós fomos em direção ao Pólo de Capuava quando deveríamos ir ao Pólo de Sertãozinho.
Pela própria preferência do colega Marcão por R.Dawkins, não posso deixar de aqui citar o que já havia citado na homenagem ao Sr. Fernando, e acrescentar algo do B. Russell.
As primeiras linhas de Desvendando o arco-íris (R. Dawkins)
As primeiras linhas de Desvendando o arco-íris (R. Dawkins)
"Nós vamos morrer, e isso nos torna afortunados. A maioria das pessoas nunca vai morrer, porque nunca vai nascer. As pessoas potenciais que poderiam estar no meu lugar, mas que jamais verão a luz do dia, são mais numerosas que os grãos de areia da Arábia. Certamente esses fantasmas não nascidos incluem poetas maiores que Keats, cientistas maiores que Newton. Sabemos disso porque o conjunto das pessoas possíveis permitidas pelo nosso DNA excede em muito o conjunto de pessoas reais. Apesar dessas probabilidades assombrosas, somos eu e você, com toda a nossa banalidade, que aqui estamos..."
[Richard Dawkins, "Deus, um delírio", trad. Fernanda Ravagnani, São Paulo, Cia das Letras, 2006, p. ?]
A Grande Renúncia (B. Russell)
Cedo ou tarde, a todo o homem chega a grande renúncia. Para o jovem não existe nada inalcançável. Que algo bom e desejado com toda a força de uma vontade apaixonada seja impossível, não lhe parece crível. Mas, ou por meio da morte ou da doença, da pobreza ou da voz do dever, cada um de nós é forçado a aprender que o mundo não foi feito para nós e que, não importa quão belas as coisas que almejamos, o destino pode, não obstante, proibi-las. É parte da coragem, quando a adversidade vem, suportá-la sem lamentar a derrocada das nossas esperanças, afastando os nossos pensamentos de vãos arrependimentos. Esse grau de submissão (...) não é somente justo e correcto: ele é o portal da sabedoria.
Bertrand Russell, in "A Free Man's Worship"
http://www.citador.pt/textos/a-grande-renuncia-bertrand-russellBertrand Russell, in "A Free Man's Worship"
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