"Vem, Noite antiqüíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite

Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito. (...) "
[Álvaro de Campos (F. Pessoa), Fragmento de Ode I, in: "Fernando Pessoa: poesia", por Adolfo Casais Monteiro, 10ª ed., Rio de Janeiro, Agir, 1989, p. 76 (col. Nossos Clássicos)]

"(...) noites como esta, em que já não me será dado viver."
[Jostein Gaarder, "A garota das laranjas", Trad. Luiz Antônio de Araújo, São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 127 (citação possivelmente de outrem, constante também em alguma página anterior, provavelmente)]
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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Cachorros: morte e amizade

Excertos da Morte da cachorra Baleia

“Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. O estrondo, a pancada que levou no quarto e a viagem difícil do barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no seu espírito. (...)

Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.”
[Graciliano Ramos, Vidas secas]

Observação de Chicó

“É verdade, o cachorro morreu. Cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é marca de nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo que é vivo morre!”
[Ariano Suassuna, O auto da compadecida]

Amizade de cão

"(...) Daí provêm as amizades quadrúpedes de tantas pessoas de qualidade, pois francamente, como se restabelecer da infinita dissimulação, falsidade e malícia dos homens, se não houvesse os cães, em cuja face honesta podemos mirar sem desconfiança?"
[Arthur Schopenhauer, Parerga e paralipomena, § 114, - in Arthur Schopenhauer (Os pensadores), São Paulo, Nova Cultural, 1988, p. 195]
Por fim, como diria o cão de Saramago: "Uivemos".

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