"Vem, Noite antiqüíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite

Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito. (...) "
[Álvaro de Campos (F. Pessoa), Fragmento de Ode I, in: "Fernando Pessoa: poesia", por Adolfo Casais Monteiro, 10ª ed., Rio de Janeiro, Agir, 1989, p. 76 (col. Nossos Clássicos)]

"(...) noites como esta, em que já não me será dado viver."
[Jostein Gaarder, "A garota das laranjas", Trad. Luiz Antônio de Araújo, São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 127 (citação possivelmente de outrem, constante também em alguma página anterior, provavelmente)]
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domingo, 5 de setembro de 2010

Quem sois vós?

[prolegômenos]: É mais fácil e/ou cômodo e comum atribuirmo-nos as VIRTUDES e aos outros/demais os vícios, hediondez de todo o gênero, sordidez moral, odiosidades diversas e mesquinharias em geral (B.R.insp.), daí que nossa opinião sobre o tema (NÓS) só pode restar suspeita, comprometida e carente de credibilidade. Como todos, porém, devo admitir que, dentre outras coisas, estou/sou sujeito a influências várias, que podem fazer flutuar nossas inclinações (L.Barreto.adap.) – “sujeito a instabilidades no período”.

[opção01]: “EU”: para a ordem geral do cosmos ou das coisas = NADA... (Calvin and Hobbes - Bill Waterson, adap.). /ou/ Insignificante conglomerado de carvão e água impura, rastejante/dor por alguns anos até que me dissolva novamente nos elementos do qual sou composto... (B.R.adap.)

[opção02]: conhecendo-me há alguns anos, e não me envaidecendo de ser eu mesmo, antes suportando com resignação essa identidade que tanto me pesava nos tormentosos dias da adolescência e que é o que me sobra na impossibilidade de ser coisa melhor... (O.Carvalho.adapt.)

[opção03]: Ainda não parti em busca de mim mesmo. E tenho que o grande risco e/ou perigo envolvido nessa busca é o de, eventualmente, encontrar-se (tal como Sidarta - H.Hesse).

[opção04]: Talvez não seja possível saber exatamente ou até mais ou menos quem se é/seja. Em resumo: devido à dificuldade da questão, reconheço que no momento não há elementos suficientes para resposta. Ficamos onde partimos, em outras palavras: não sei responder.

[...] Quando a chuva cessava e um vento fino franzia a tarde tímida e lavada, eu saía a brincar, pela calçada, nos meus tempos felizes de menino. Fazia de papel, toda uma armada: e, estendendo o meu braço pequenino, eu soltava os barquinhos sem destino, ao longo das sarjetas, na enxurrada. Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles, que não são barcos de ouro os meus ideais, são feitos de papel, são como aqueles, perfeitamente, exatamente iguais... Que os meus barquinhos - lá se foram eles! Foram-se embora e não voltaram mais! (G.Almeida).

[apesar de tudo, o que importa]: Há ainda quem conte que o burro também se pusera a dançar, afinal, não fora debalde que o Homem Mais Feio lhe dera vinho. Fosse isso verdade ou não, pouco importa, e se o burro não dançou nessa noite ocorreram contudo, coisas maiores e muito mais singulares do que um burro bailar. Como diz o provérbio de Zaratustra: "Que importa!"... (F.N., Z, IV, O canto de embriaguez)

(de um site de relacionamento)

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