(...) Mas o mais impressionante e deprimente era o ossário, um grande poço construído na parte mais elevada do terreno, de modo ao não ter água no fundo, com mureta no alto, coberta com laje e tampa removível.
Ao ver outras crianças espiando, não contive a curiosidade e também arrisquei uma espiadela, mas me arrependi. Que visão tétrica, meu Deus! O que era aquilo?! Um monturo de ossadas humanas, despejadas na profundeza daquele poço. Oh! Terrível realidade que eu nunca tinha imaginado. Ossos de tantas formas e tamanhos, uns mais claros, outros mais escuros, marcados pelo tempo, entrelaçados com nesgas de pano que resistiram à decomposição.
Naquela macabra visão estava retratada a terrível realidade da morte. E eu, na minha infantil ingenuidade, achava que se poderia ouvir daquela profundeza alguns gemidos de almas penadas.
[Attílio PESSOTTI, Vila de São Bernardo, São Bernardo do Campo, Secretaria Municipal de Educação e Cultura, 2007, p. 128]
retratos de memória, frases diversas, fotos, ilustrações, coisas sem importância alguma & variedades de todo o gênero
"Vem, Noite antiqüíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito. (...) "
[Álvaro de Campos (F. Pessoa), Fragmento de Ode I, in: "Fernando Pessoa: poesia", por Adolfo Casais Monteiro, 10ª ed., Rio de Janeiro, Agir, 1989, p. 76 (col. Nossos Clássicos)]
"(...) noites como esta, em que já não me será dado viver."
[Jostein Gaarder, "A garota das laranjas", Trad. Luiz Antônio de Araújo, São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 127 (citação possivelmente de outrem, constante também em alguma página anterior, provavelmente)]
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