"Virá a morte e terá teus olhos"
Virá a morte e terá teus olhos -
Esta morte que nos escolta
De manhã e de noite, insone,
Surda, como um velho remorso
Ou um vício absurdo. Teus olhos
Serão uma inútil palavra,
Um grito calado, um silêncio.
Assim te surgem nas manhãs
Quando em ti te dobras, sozinha
No espelho. Ó cara esperança,
Nesse dia então saberemos
Que és a vida e és o nada.
A todos a morte contempla.
Virá a morte e terá teus olhos.
Será como o corte de um vício,
Como ver ressurgir no espelho
Aos poucos um semblante morto,
Como ouvir um lábio cerrado
Desceremos mudos no abismo.
[Cesare Pavese - Trad. Maurício Santana Dias - coletado no Caderno "Mais" da Folha de São Paulo, entre 2000 e 2002. A pontuação e as maiúsculas no início dos versos podem não corresponder à tradução publicada - o poema foi transcrito diversas vezes em vários suportes diferentes até chegar aqui]
retratos de memória, frases diversas, fotos, ilustrações, coisas sem importância alguma & variedades de todo o gênero
"Vem, Noite antiqüíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito. (...) "
[Álvaro de Campos (F. Pessoa), Fragmento de Ode I, in: "Fernando Pessoa: poesia", por Adolfo Casais Monteiro, 10ª ed., Rio de Janeiro, Agir, 1989, p. 76 (col. Nossos Clássicos)]
"(...) noites como esta, em que já não me será dado viver."
[Jostein Gaarder, "A garota das laranjas", Trad. Luiz Antônio de Araújo, São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 127 (citação possivelmente de outrem, constante também em alguma página anterior, provavelmente)]
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